segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os pódios da Olimpíada

Balanço Com o término dos Jogos Olímpicos, chega o momento de fechar a conta e fazer o balanço. E, para promover um pequeno resumo do que houve de principal em Pequim, o HJO2008 divulga os seus pódios da Olimpíada. Listas com os três principais destaques (positivos ou negativos) de determinadas categorias. Confira:

Os nomes mais marcantes (mundo):
Ouro – Michael Phelps: oito ouros, sete recordes mundiais.
Prata – Usain Bolt: recordes mundiais sem demonstrar esforço.
Bronze – Yelena Isinbayeva: antes do ouro, deu até para cochilar.

Os nomes mais marcantes (Brasil):
Ouro – Maurren Maggi: do doping ao ouro. História de cinema.
Prata – Cesar Cielo: prometeu vencer os 50m livre. E cumpriu.
Bronze – J. R. Guimarães: um Bernardinho menos estrela.

As decepções (Brasil):
Ouro – Judô: três campeões mundiais participaram. Nenhum ouro.
Prata – Diego Hypólito: queda no final e um ouro certo deu adeus.
Bronze – Vôlei de praia: jogo nacional na semi tirou o ouro do País.

Os momentos para esquecer (mundo):
Ouro – Matos (Cuba) se irrita com árbitros e parte para a agressão.
Prata – Abrahamian (Suécia) joga medalha de bronze no chão.
Bronze – Sem prova, Unger (Alemanha) acusa Usain Bolt de doping.

Os momentos para esquecer (Brasil):
Ouro – Nuzman diz que o Brasil de 2008 foi o melhor da história.
Prata – Thiago Neves e Lucas batem nos argentinos.
Bronze – Sumiço da vara de Fabiana Murer prejudica a atleta.

domingo, 24 de agosto de 2008

Acabou, mas não acabou

Encerramento O último dia dos Jogos Olímpicos assistiu à mais previsível de todas as medalhas. O ouro da equipe dos Estados Unidos de basquete masculino. Apesar de tudo ficar dentro do previsto, vale um destaque para os vice-campeões da Espanha. Mesmo claramente inferior aos americanos, o time de Pau Gasol jogou o máximo que podia e não deixou os campeões abrirem grande distância no placar, como muitos esperavam.

Pela manhã no Brasil, noite na China, o mundo viu o último ato das Olimpíadas de Pequim. A festa de encerramento, onde os chineses passaram a incumbência de próxima sede aos ingleses. Um belo fechamento para a, na questão estritamente esportiva, melhor edição dos Jogos. Viu-se uma chuva de recordes, a consagração de grandes atletas e um evento com poucas falhas.

Se as Olimpíadas acabaram, o trabalho do HJO2008, ainda não. Nos próximos dias, trataremos do quadro de medalhas (que, aliás, o blog previu que tinha tudo para ser liderado pelos chineses) e dos principais destaques destes 19 dias de cobertura.

Fechando a conta

Vôlei O vôlei do Brasil fechou a lista de medalhas do País em Pequim. No feminino, os fantasmas foram vencidos. As meninas não sucumbiram à pressão do momento decisivo e mantiveram o nível, que sempre foi acima do de todas as adversárias. Com isso, elas bateram os Estados Unidos na final por 3 a 1 (único set perdido em toda a competição) e garantiram a inédita medalha de ouro.

Também terminou em 3 a 1 a final do vôlei masculino, disputada pelos mesmos Brasil e Estados Unidos. Só que, entre os homens, o placar foi para os norte-americanos. Os brasileiros não conseguiram voltar a jogar com a velocidade de outras ocasiões e mostraram que o trauma da Liga Mundial ainda não foi totalmente absorvido. A prata, nessas condições, não foi tão decepcionante.

Com esse resultado, uma das maiores equipes da história do esporte brasileiro chega a seu fim. É momento para início de reconstrução.

Hermanos de oro

Futebol O principal candidato ao ouro do futebol masculino sempre foi a Argentina. Eles não só defendiam o título conquistado em Atenas, como tinham a melhor formação de meio e ataque da competição. Como se viu durante todos os Jogos, zebras foram até freqüentes. Mas os nossos hermanos não falharam.

A final contra a Nigéria foi muito disputada, mas os argentinos jogaram com maior consciência durante todos os 90 minutos. Os africanos se jogaram ao ataque sem grandes cuidados e os comandados de Sergio Batista souberam se aproveitar da situação. Investiram em contra-ataques e, em um deles, saiu o gol de Di María que garantiu o bicampeonato olímpico.

Gol que veio coroar o excelente desempenho do meia-atacante nas Olimpíadas. Depois de uma temporada muito discreta pelo Benfica, ele foi um dos principais destaques da Argentina na China.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Salto para o ouro

Atletismo Queda no solo, vara que desaparece, gol que não sai. Já estava na hora de o Brasil ter a sorte voltada para seu lado em ao menos uma modalidade dos Jogos Olímpicos. Pois quis o destino que fosse no salto em distância, com Maurren Higa Maggi.

A brasileira era uma das principais candidatas a uma medalha. Porém, o ouro era quase impossível. Afinal, a portuguesa Naide Gomes é quase uma Isinbayeva de sua categoria – seus saltos em 2008 foram muito superiores aos de todas as suas adversárias.

Só que as eliminatórias trataram de acabar com essa disparidade entre Gomes e as outras concorrentes. A portuguesa queimou seus dois primeiros saltos e, pressionada no último, não conseguiu se classificar para a final.

Com isso, Maurren passou ao papel de favorita. Das oito atletas qualificadas, ela era a detentora do melhor salto do ano.

Confira a lista das cinco melhores marcas de 2008 até os Jogos:
▪ Maurren Higa Maggi (Brasil) – 6,99m
▪ Brittney Reese (Estados Unidos) – 6,95m
▪ Funmilayo Jimoh (Estados Unidos) – 6,91m
▪ Grace Upshaw (Estados Unidos) – 6,88m
▪ Tatyana Lebedeva (Rússia) – 6,88m

Se Naide Gomes não cumpriu seu papel de favorita, Maurren o fez com primazia. Em sua primeira tentativa da final, conseguiu ir além de seu melhor salto do ano e chegou a 7,04m. Distância que nenhuma outra saltadora alcançaria durante todo o resto da prova, garantindo à brasileira o ouro.

Caso Gomes estivesse na final, o primeiro lugar provavelmente seria dela. Ela já havia chegado à marca de 7,12m neste ano, o que seria mais que suficiente para vencer a competição.

Mas a portuguesa não estava com sorte. O destino já tinha escolhido Maurren. E, entre todos os brasileiros, por tudo que ela já passou, não haveria escolha mais feliz.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pratas e pratas

Brasil Há medalhas de prata de diversos sabores. Umas, doce como o ouro. Outras, amargas como medalha nenhuma. O Brasil vivenciou casos dos dois extremos nestes últimos dias dos Jogos.

Robert Scheidt e Bruno Prada chegaram à última regata da classe Star da vela com o bronze praticamente definido. Dificilmente perderiam a terceira posição ou alcançariam os vice-líderes, dada a grande distância de pontuação entre os concorrentes.

De qualquer maneira, a medalha já seria considerada um feito. Afinal, a dupla brasileira começou a disputa com regatas muito fracas. Nas três primeiras, eles estavam abaixo do décimo lugar geral. Faltando três para a final, eles ainda se encontravam somente em oitavo. Mas, em uma recuperação impressionante, subiram rapidamente ao já citado terceiro lugar.

Se essa ascenção já era boa, ficou melhor. Os suecos, até então na segunda colocação, foram muito mal na hora H e terminaram a regata final em último lugar. Com isso, Scheidt e Prada conseguiram o que ninguém mais previa: descontar toda a desvantagem que tinham em relação ao time da Suécia e garantir a, nesse caso, doce e inesperada prata.

Se no iatismo a prata foi comemorada, no futebol feminino e no vôlei de praia masculino, não foi bem assim.

As meninas do futebol, que haviam vencido as poderosas alemãs com facilidade na semifinal, entraram em campo exageradamente nervosas. Contra um defensivo, mas muito seguro, time dos Estados Unidos, elas não conseguiram encaixar o jogo que costumam e perderam a paciência.

Por culpa do nervosismo, começaram a abusar de jogadas individuais e de passes longos e afobados, que se mostraram improdutivos. Deste modo, o zero permaneceu no placar até o fim do tempo regulamentar. Como só o Brasil tinha atacado durante os 90 minutos, o cansaço começou a aparecer.

No tempo extra, cansadas, as brasileiras ficaram vulneráveis. Vendo isto, as norte-americanas começaram a ir ao ataque. E conseguiram o almejado gol da vitória, deixando o Brasil com uma, para esse caso, amarga prata. Amarga pela sensação clara de que um desempenho mais calmo poderia facilmente levar a equipe ao ouro.

No vôlei de praia masculino, as duplas brasileiras inverteram os papéis que deveriam ter. Ricardo e Emanuel, que tinham mais chances de ouro, perderam na semifinal para Márcio e Fábio Luiz, menos experientes para uma final olímpica.

Resultado: Ricardo e Emanuel, favoritos ao ouro, ganharam a decisão de terceiro lugar e ficaram com o bronze. Márcio e Fábio Luiz, que poderiam ter levado esse bronze caso perdessem a semifinal, não conseguiram se impor na final e ficaram com uma triste prata. Triste por saber que, invertessem-se as duplas, o Brasil poderia estar no lugar mais alto do pódio.

Pratas que causam todos os tipos de sensações. Após a decepção passar, só há um fato: a medalha fica. E não é pouca coisa. Pode não ser um ouro, mas não deixa de ter grande importância.

Mais rápido que um raio

Atletismo "Bolt", palavra em inglês, significa raio. Em Pequim, o nome Usain Bolt é sinônimo de mais rápido que um raio. Após vencer com extrema facilidade os 100m rasos, o jamaicano venceu também a prova dos 200m rasos. Ambas, com recorde mundial.

É a primeira vez na história que um mesmo atleta quebra os recordes mundiais destas duas provas em uma só edição dos Jogos Olímpicos. Mais um nome que exibe sua capacidade em Pequim e entra para os anais do esporte.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Adeus

Futebol Se a seleção brasileira de futebol feminino ainda está na briga pelo ouro, a masculina deu adeus a suas chances. E de que modo! Uma derrota por 3 a 0 diante da Argentina, com domínio total do time de Messi, Di María, Agüero e Riquelme.

A equipe do Brasil mostrou erros que foram comuns não somente durante as Olimpíadas, mas em toda a passagem de Dunga pelo comando da seleção. Falta de poder criativo e, principalmente, isolamento do atacante, para quem a bola nunca chega.

Só que a culpa não é somente de Dunga, como boa parte da imprensa brasileira tenta fazer parecer. Que não se esqueça que o treinador não entra em campo, só escala. O que dizer, por exemplo, do desempenho de Ronaldinho e de Diego? Eles que são os responsáveis pela armação das jogadas, não Dunga.

Acontece que é mais fácil para os "jornalistas" criticarem um técnico inexperiente do que jogadores famosos. Arranjar bode expiatório é uma atitude covarde. Em qualquer derrota, inclusive nesta, o treinador tem sua culpa. Mas os jogadores, também.

Em outra falha da imprensa, quase nada se falou da lamentável atitude dos meias Lucas e Thiago Neves. Quando o Brasil estava claramente derrotado, os dois jogadores perderam o juízo e bateram descaradamente nos argentinos. Falta total de espírito esportivo e de respeito. Coisa de quem não sabe perder.

À Argentina, o principal alerta é não pensar que essa partida foi uma final antecipada. O time tem que entrar na decisão contra a Nigéria com a mesma seriedade com a qual tratou o Brasil. Se o fizer, tem grandes chances de garantir o bicampeonato olímpico.

Para o alto e... recorde!

Atletismo Entre os muitos recordes mundiais quebrados nestes Jogos Olímpicos, um dos mais previsíveis era o do salto em altura feminino, com Yelena Isinbayeva. A russa está, há tempos, em um nível muito acima de todas as suas adversárias.

E no Ninho do Pássaro, esse desnível ficou mais uma vez provado. Isinbayeva só começou a saltar para alturas que a maioria das outras já não conseguia alcançar. Para se ter idéia, a primeira altura que ela tentou (4,70m) só foi alcançada por cinco atletas. A segunda (4,95m), só por ela.

A superioridade da musa russa é tão óbvia que ela arranjou um tempo para tirar um cochilo dentro do estádio, até a prova chegar aos 4,70m. E, como esperado, ela levou o ouro e bateu o recorde mundial da modalidade, com 5,05m.

O destaque negativo dessa competição fica para o sumiço da vara da brasileira Fabiana Murer. Pouco importa se isso mudou ou não o resultado final dela. A questão não é essa. O mínimo de organização que uma Olimpíada pode ter requer cuidados básicos, como checar o material de prova das atletas.

Se isso não for feito, não há desculpa. Pode-se dizer o que quiser: os únicos culpados são os responsáveis pela organização.

A um passo da história

Futebol A verdade é repetida como um mantra. O único título que o futebol brasileiro não possui é o das Olimpíadas. Em Pequim, o País está a um passo de mudar essa história. Porém, ao contrário do que se poderia imaginar há algum tempo, no feminino. Não é o mesmo? Mas é alguma coisa. Melhor: muita coisa.

Diz-se, com freqüência, que o Brasil é o país do futebol. Só que, na realidade, é o país do futebol masculino. As mulheres do futebol nacional não têm praticamente nenhum tipo de apoio. O dinheiro gasto com elas é irrisório se comparado ao movimentado com os homens. E, mesmo assim, os resultados teimam em aparecer.

O Brasil passeou na semifinal do futebol feminino. Sofreu um gol no começo do jogo, não se abalou e fez quatro. E o 4 a 1 não foi contra qualquer time. Foi contra a Alemanha, atual campeã mundial. E também não foi um placar achado ou alcançado por sorte. Foi uma aula de futebol. Ofensivo, sem descuidar da marcação e com muita ousadia e categoria.

Na final, as brasileiras enfrentarão a equipe dos Estados Unidos. As mesmas que, há quatro anos, venceram o Brasil exatamante na final. Uma possibilidade de revanche, com boa chance de acontecer.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vôlei avança

Brasil Depois de tantos fracassos em diversos esportes, o Brasil tem poucas esperanças de medalha restantes. De ouro, menos ainda. Entre as que sobraram, o vôlei capitaliza a maioria. O País tem chances reais de título tanto no vôlei de quadra, feminino e masculino, quanto no vôlei de praia masculino.

A maior das possibilidades parece estar com as meninas da quadra. O principal desafio delas, como já abordado pelo HJO2008, começou na partida contra a Itália. As seleções brasileiras de vôlei feminino têm histórico de perder em momentos decisivos. Só que isso pode estar mudando. O primeiro destes momentos em Pequim, contra a Itália, mostrou um time preparado para superar esse trauma. Uma vitória por 3 sets a 0 com domínio amplo.

Logo após, já no mata-mata, contra o Japão, as comandadas de José Roberto Guimarães venceram sua segunda decisão. Mais uma vez, com um 3 a 0. Com uma estatística muito favorável: as meninas do Brasil estão, até o momento, sem perder nenhum set nos Jogos Olímpicos. Desta maneira, mantendo a concentração e a confiança, será difícil para qualquer adversário bater as brasileiras.

Entre os homens da quadra, a situação é mais hesitante. Tudo começou com a Liga Mundial, onde o time de Bernardinho, acostumado a ganhar tudo, terminou somente em quarto lugar. Depois, os atletas chegaram tensos à China. Demonstraram uma pequena melhora nos primeiros confrontos, mas perderam para a Rússia em um jogo em que nenhuma jogada deu certo.

Voltaram a vencer e terminaram a primeira fase na liderança. Apesar disso, o conjunto ainda não passou a segurança de outros momentos. Em potencial e qualidade individual, o Brasil continua sendo a melhor seleção do vôlei masculino. Entretanto, isso não será suficiente. Ou o time cresce no momento certo – que é agora, o início do mata-mata – ou o ouro corre grande risco.

No vôlei de praia masculino, o Brasil reina. As duas duplas do País chegaram às semifinais, onde se enfrentarão. Por isso, ao menos uma prata está garantida. Porém, ainda não se sabe para quem. Uma partida entre Ricardo e Emanuel e Márcio e Fábio Luiz é imprevisível. Obviamente, a presença dos primeiros na final, mais experientes, daria maior favoritismo. Entretanto, as duas duplas têm qualidade para chegar à decisão e levar o ouro.

Se, até agora, a sensação do desempenho do País nas Olimpíadas é de decepção, o vôlei parece o caminho mais claro para mudar esse panorama. Espera-se que não sejam novas decepções.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Nadal: crescimento dourado

Tênis Até pouco tempo atrás, no tênis masculino, o domínio de Roger Federer era inquestionável. Sua única dificuldade era no piso de saibro, onde Rafael Nadal conseguia vencê-lo com certa freqüência. Só que nos últimos meses, Nadal teve grande evolução e conquistou títulos de Grand Slam (os principais do esporte) em pisos onde Federer imperava.

Em Pequim, Nadal reafirmou seu crescimento e conquistou a medalha de ouro do tênis individual masculino. Após o triunfo sobre Djokovic nas semifinais, era praticamente impensável que o espanhol fosse perder do chileno González na final. E, realmente, foi uma vitória com largo domínio. Uma demonstração clara de que ele está pronto para assumir o papel de melhor do mundo na modalidade.

Após perder cedo na chave de simples, o suíço Federer também acabou conquistando um ouro, na competição de duplas.

domingo, 17 de agosto de 2008

Ouros que escapam

Brasil Como previsto, a falta de entrosamento da dupla de vôlei de praia feminino Ana Paula e Larissa foi fator negativo determinante na partida contra as atuais campeãs olímpicas Walsh e May. Apesar de muita qualidade individual, o pouco tempo de conjunto das brasileiras ficou evidente durante a disputa e tornou a missão delas impossível.

Se a partida entre essas duplas fosse numa fase mais posterior da competição, talvez o jogo coletivo das meninas do Brasil estivesse melhor e houvesse maior competitividade. Porém, não foi, e o domínio das norte-americanas foi claro. Elas venceram por 2 sets a 0 e enfrentarão, na semifinal, a segunda dupla brasileira, formada por Renata e Talita. As americanas continuam sendo favoritas.

A lesão de Juliana, companheira original de Larissa, fez com que o Brasil perdesse o favoritismo no vôlei de praia feminino. Um ouro que era muito provável virou uma medalha quase impossível para o País.

Se a derrota de Ana Paula e Larissa era até previsível pela falta de entrosamento, a de Diego Hypólito foi grande surpresa. Campeão mundial, considerado grande favorito do solo masculino por todos os especialistas, ele tinha tudo para conquistar o segundo ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos. Estava fazendo uma sessão perfeita até o último salto. Nele, não conseguiu evitar uma queda que o tirou do pódio, deixando-o somente em sexto lugar.

Impossível deixar de relacionar esta situação com a de Daiane dos Santos, há quatro anos. Ele é o segundo brasileiro favorito na ginástica artística que não consegue ficar sequer com uma medalha.

Um homem, oito provas VIII

Phelps Depois da sétima medalha de Phelps em Pequim, ficou ainda mais difícil de duvidar que ele passaria a marca de Mark Spitz. A prova que sobrara, o revezamento 4x100m medley, era considerada de alto favoritismo para o fenômeno das piscinas e sua equipe.

Não foi tão fácil quanto poderia se prever, mas a vitória ficou mesmo com o quarteto norte-americano. E com ela, Phelps se tornou o maior campeão olímpico de todos os tempos de modo isolado. Os números dele em Olimpíadas são impressionantes e resumem seus feitos melhor que qualquer adjetivo que se possa usar:

▪ Segundo atleta com o maior número de medalhas: 16.
▪ Atleta com o maior número de ouros: 14.
▪ Atleta com o maior número de ouros em uma só edição: oito.

Das suas oito vitórias em Pequim, sete foram com recorde mundial. A outra, com recorde olímpico.

Sem qualquer tipo de dúvida, Phelps é o nome dos Jogos Olímpicos de Pequim. E um dos maiores de toda a história.

O homem mais rápido do mundo

Atletismo Uma das provas que mais chama a atenção do público no atletismo é os 100m rasos. Em menos de dez segundos, define-se quem é "o homem mais rápido do mundo". Em Pequim, com quebra de recorde mundial, este título ficou para Usain Bolt, que completou a distância em 9s69.

Mais impressionante que a marca é a expressão de Bolt durante a disputa. Assim como nas fases eliminatórias, o jamaicano correu praticamente com um sorriso no rosto. Não demonstrou nenhum tipo de esforço, como se estivesse vencendo a prova com tantas sobras que conseguia até se poupar.

Em uma palavra: impressionante.

Superando o passado

Futebol A última participação do futebol masculino brasileiro em Olimpíadas tinha acontecido na Austrália, em 2000. Naquela edição, o Brasil do então treinador Vanderlei Luxemburgo foi desclassificado por Camarões nas quartas-de-final, mesmo tendo dois jogadores a mais em campo. Aquela seleção tinha grandes valores, como Ronaldinho, Alex, Roger, Lúcio e Fábio Aurélio.

Desta vez, a história parecia se repetir. A seleção também chegou à China com um time recheado de talentos. Entre eles, o mesmo Ronaldinho, além de Alexandre Pato, Diego, Hernanes e Lucas.

Após a primeira fase, já nas quartas-de-final, o adversário calhou de ser o mesmo de 2000: os carrascos camaroneses. Coincidência? Que tal, então, saber que o árbitro esloveno expulsou um jogador de Camarões e, como da outra vez, deixou o Brasil com jogador a mais?

A situação, como se vê, tinha muitos detalhes similares aos de 2000. E assim como com aquele time, o atual também empatou no tempo regulamentar e foi para a prorrogação. Porém, as semelhanças terminam por aí. Porque na atual edição, o Brasil não perdeu para Camarões, como aconteceu há oito anos. Venceu o fantasma dos carrascos africanos, fez 2 a 0 e se classificou para as semifinais.

Na semi, a seleção enfrentará a outra principal candidata ao ouro no futebol masculino: a Argentina de Messi, Riquelme, Mascherano, Gago e Agüero.

A Dunga, resta prestar atenção principalmente em Messi. O atacante do Barcelona costuma jogar exatamente pela faixa de campo onde o lateral Marcelo não tem feito boa marcação. Além disso, o treinador brasileiro deve considerar a escalação de Thiago Neves desde o começo da partida. O meia do Fluminense vem tendo apresentações muito mais convincentes que os titulares Anderson e Diego.

sábado, 16 de agosto de 2008

Vim, prometi, venci

Natação A primeira medalha de ouro do Brasil em Pequim veio de um atleta que ninguém, com coerência, poderia esperar. César Cielo venceu os 50m livre e sagrou-se o nadador mais rápido do mundo.

E não se fala de medalha inesperada como desdém do brasileiro. Os números realmente iam contra ele: Cielo não tinha o melhor tempo das eliminatórias. Além do mais, como pensar em vitória brasileira na natação se o País nunca tinha ido ao lugar mais alto do pódio nessa modalidade em Jogos Olímpicos?

Mesmo que as pessoas não acreditassem em suas chances de vencer os 50m livre, Cielo não deu a mínima. Após conquistar o bronze dos 100m livre, prometeu o ouro nos 50. E não por arrogância. Foi por confiança no próprio trabalho, por conhecer seus limites e saber até onde poderia chegar na decisão do evento. Óbvio que é fácil dizer isso agora. Se ele não cumprisse o prometido, teria sido muito criticado.

Mas cumpriu. E com domínio completo, na liderança do começo ao fim. Foi ao pódio, chorou de emoção, contagiou a todos. Cielo é um exemplo de pessoa que confia no que pode fazer, sem confiar no que não pode. É esse tipo de herói que o Brasil precisa.

Um homem, oito provas VII

Phelps Mark Spitz foi alcançado. Michael Phelps chegou à marca de sete medalhas de ouro em uma só Olimpíada. Aconteceu nos 100m borboleta. Entre as oito provas que o norte-americano disputa em Pequim, esta não era considerada uma das mais fáceis – tanto, que ele não chegou à final com o melhor tempo, fato raro. E, além disso, com o cansaço de seis fases qualificatórias e finais já disputadas, a dificuldade aumentava ainda mais.

Como previsto, foi a prova mais complicada para o fenômeno das piscinas até o momento. O sérvio Milorad Cavic liderava com certa folga até os 25 metros finais de competição. E aí, uma situação que não teria a mesma interpretação para qualquer outro atleta, só para Phelps: mesmo tão perto do fim da prova, era difícil duvidar que ele não desse um sprint e ultrapassasse Cavic.

E foi o que aconteceu. O sprint de Phelps nos últimos metros foi memorável. Viu-se uma disputa que fez desta final a mais arrepiante destes Jogos, vencendo em emoção o revezamento 4x100m livre. Ambos terminaram visualmente empatados. E o norte-americano conseguiu a vitória, por somente um centésimo de segundo. Isso mesmo: um centésimo. Somente o replay em câmera lenta pôde mostrar com exatidão que ele havia tocado a parede primeiro.

Não havia jeito mais impressionante de entrar para a história. Em uma final como essas, percebe-se o quão importante este fato está sendo para os anais dos Jogos Olímpicos. Só resta a todos os pobres mortais assistir e aplaudir. Phelps é um mito que está sendo escrito diante dos olhos de todos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Duelo de gigantes

Tênis Após a queda de Roger Federer da chave de simples do tênis masculino dos Jogos Olímpicos, os olhos se voltaram aos outros dois grandes tenistas da atualidade, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Pois quis a tabela que os, respectivamente, número um e três do mundo não se enfrentassem na final, mas, sim, nas semifinais – deixando uma vaga na decisão para os menos qualificados James Blake e Fernando González.

A excelente fase de Nadal é indiscutível e, por isso, o espanhol entraria em quadra com leve favoritismo. Leve, porque, em piso duro, a vantagem no retrospecto entre os dois é de Djokovic (quatro vitórias em seis partidas).

Jogos entre o espanhol e o sérvio são garantia de muita rapidez e força, com jogadas no limite do possível, tanto do corpo quanto da quadra. E foi isso que se viu no Centro Olímpico de Tênis. Um show de ambos os lados, uma demonstração do mais fino que o tênis pode oferecer ao fã de esportes.

Nadal dominou o primeiro set. Djokovic, o segundo, com larga vantagem (6 games a 1). O terceiro, muito disputado, terminou com um erro bobo do sérvio, que chorou pela derrota que o tirou da final.

Para Rafael Nadal, que garantirá oficialmente o número um do ranking da Associação de Tenistas Profissionais nesta segunda-feira, as Olimpíadas podem fechar com chave de ouro esse momento especial de sua carreira. Ou melhor, com medalha de ouro. Para isso, o último obstáculo é o chileno González.

Para quem acabou de vencer Djokovic, não parece muito.

Em busca de consistência

Brasil Vôlei e futebol femininos. O que as duas modalidades têm em comum para o Brasil nestas Olimpíadas? Simples. As duas equipes venceram todas as suas partidas e são sérias candidatas ao título. Porém, ambas têm pequenos problemas que, caso não resolvidos, podem crescer e acabar com o sonho do ouro.

As últimas partidas das brasileiras dos dois esportes foram excelentes. No vôlei de quadra, os 3 sets a 0 contra o Cazaquistão foram marcantes. Afinal, é raríssimo que um time, por mais disparidade técnica que tenha em relação a um adversário, vença um set por 25 a 6, como aconteceu nesse jogo. O desempenho tem sido de um nível tão alto que o time de José Roberto Guimarães ainda não perdeu um set sequer na competição.

No futebol, a vitória de hoje por 2 a 1 contra as norueguesas garantiu a equipe da atacante Marta nas semifinais da competição olímpica. Após ficarem no zero na primeira rodada, as brasileiras se mostraram extremamente eficientes no setor de ataque e fizeram sempre, no mínimo, dois gols a cada partida. Uma ótima média.

Se tudo parece tão bom, quais são os pequenos problemas?

Para o vôlei, é o trauma dos momentos decisivos. Em outras ocasiões, as meninas do vôlei vinham demonstrando tanta técnica quanto a de agora até a hora de decidir o título. Aí, o nervosismo aflorava e fazia com que o time invariavelmente perdesse. Para que o País conquiste o ouro, este fantasma tem que ser enfrentado e derrotado. E para isso, o próximo jogo, contra a forte Itália, pode ser um primeiro passo. Um desafio de grande nível para testar o sistema nervoso das brasileiras.

No futebol, a questão gira em torno do sistema defensivo. Se, por um lado, o ataque do Brasil é extremamente melhor que todos os outros, a marcação é um pesadelo. Instável, ela causou muitos calafrios no torcedor durante toda a primeira fase. Entretanto, hoje, contra a Noruega, já se pôde perceber um avanço no posicionamento geral – o que melhorou bastante a atuação da defesa. A semifinal contra a campeã mundial Alemanha vai mostrar se a evolução foi suficiente.

E já que a discussão é de problemas, nenhum parece maior do que o de Ana Paula e Larissa, do vôlei de praia. A dupla, recém-formada (Juliana sofreu grave lesão e foi substituída às pressas por Ana) e com ínfimo tempo para entrosamento, ainda não consegue se impor como time. O jogo delas, até o momento, não flui como deveria. Mesmo assim, no talento individual, elas têm conseguido se impor.

O problema delas é que a próxima partida, pelas quartas-de-final, é contra as atuais campeãs olímpicas Walsh e May. Se as brasileiras estivessem entrosadas, jogando após um tempo maior de preparação, seria um jogo de igual para igual. Porém, como isso não aconteceu, o Brasil só passará em frente se for no brilho individual. O que parece pouco, no momento.

Dos obstáculos apresentados, dá para confiar na solução dos casos do vôlei de quadra e do futebol. Já Ana Paula e Larissa partem, indiscutivelmente, como zebras.

Um homem, oito provas VI

Phelps A um passo de empatar o recorde de Mark Spitz. Esta é a atual situação de Michael Phelps na busca por oito ouros em Pequim. Na noite de ontem para hoje, ele conquistou sua sexta dourada, nos 200m medley. Com mais uma das duas que disputará, ele iguala a marca de Spitz. Com ambas, ele vira recordista isolado.

Nesta mesma prova, Thiago Pereira, como adiantado pelo blog, não alcançou o pódio. A exaltação criada em cima do nome dele após o Pan do Rio de Janeiro foi completamente exagerada. Pereira não tinha o mesmo nível dos seus principais concorrentes de prova, como muitos jornalistas que apelam para o nacionalismo para garantir público (ou os desinformados, mesmo) tentaram dizer. O quarto lugar que ele alcançou na final foi excelente, muito acima do que se poderia prever. Medalha, era claramente impossível.

As duas provas que Phelps ainda disputa nestas Olimpíadas são os 100m borboleta e o revezamento 4x100 medley. Das duas, o revezamento é considerado barbada para os norte-americanos. Nos 100m borboleta, a disputa será um pouco maior. Mas o fenômeno das piscinas parece não se importar em vencer qualquer disputa.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Faixa preta em fracasso

Judô A noite de hoje marca o último dia das competições de judô nas Olimpíadas de 2008. E, sem medo de errar antes da hora, pode-se afirmar: foi um fracasso para as pretensões do Brasil nos Jogos. Dos oito principais postulantes brasileiros ao ouro, três eram judocas. Um deles, Tiago Camilo, ficou somente com o bronze. Os outros dois – João Derly, há alguns dias, e Luciano Corrêa, hoje –, nem isso: voltarão de Pequim sem medalha.

Numericamente, houve crescimento. Comparado à edição de 2004, o resultado do judô brasileiro nestes Jogos Olímpicos foi melhor. Em Atenas, o País conquistou apenas dois bronzes na modalidade, com Leandro Guilheiro e Flávio Canto. Desta vez, foram três bronzes, com o mesmo Leandro Guilheiro, Ketleyn Quadros e o já citado Tiago Camilo. Mas, apesar da pequena melhora, não há como negar que a expectativa foi totalmente quebrada.

Para quem esperava três ouros, três bronzes dão a sensação de um amargo prêmio de consolação.

Medalha inesperada

Natação Em entrevista à Marília Gabriela, Fernando Scherer, empresário do nadador César Cielo, disse que seu cliente ganharia uma medalha nos Jogos Olímpicos. Se não nesta, na próxima. Pois a medalha veio rapidamente e de modo inesperado. Afinal, os 100m livre, onde Cielo acabou de conquistar o bronze, nem é a maior especialidade dele – que é os 50m livre.

Foi um feito especial, de superação. Principalmente se lembrado que, por muito pouco, o nadador brasileiro não ficou fora da final da prova. Ele teve a oitava melhor marca das semifinais, a última que o classificaria para a decisão. Na final, para chegar ao terceiro lugar, ele nadou abaixo de sua melhor marca individual, batendo o recorde sul-americano da prova.

Para se ter melhor idéia do ótimo desempenho de Cielo na final, ele empatou no bronze com ninguém menos que Jason Lezak. O mesmo que, na segunda-feira, disparou no revezamento 4x100m livre para passar o francês recordista mundial e garantir o ouro que parecia impossível para a equipe americana.

Se, no judô, até o momento, nosso resultado é abaixo do esperado, Cielo conquistou um bronze que não estava dentro do previsto. Motivo para comemoração.

Dica de leitura

Natação Uma interessante matéria no site Terra Esportes procura explicar os motivos para tantos recordes mundiais e olímpicos da natação estarem sendo batidos nestes Jogos Olímpicos.

Clique aqui para ler.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Empolgação para ser contida

Brasil Duas seleções brasileiras que jogaram de ontem para hoje têm motivos de sobra para estar empolgadas. Os times de vôlei feminino e futebol masculino, até o momento, estão se impondo com categoria em suas modalidades.

O jogo entre as meninas comandadas por José Roberto Guimarães e a Sérvia foi, de longe, a melhor exibição coletiva desta edição dos Jogos Olímpicos. A atuação da equipe do Brasil foi impecável durante toda a partida. Imposição do primeiro ao último segundo, resultando em um fácil 3 a 0. Desempenho semelhante aos do auge do vôlei masculino do País, há alguns anos. De brilhar os olhos.

No futebol, mesmo poupando alguns jogadores, o Brasil voltou a mostrar qualidade. Verdade que a equipe teve uma partida irregular em certos momentos. Mas, considerando que o time estava sem algumas importantes peças titulares, o 3 a 0 sobre a China deve ser considerado um resultado excelente. Destaque para Thiago Neves que, fora dois belos gols, mostrou muita participação e disposição e deveria ser mantido entre os titulares, no lugar de Anderson.

É bom comemorar resultados satisfatórios. Melhor ainda é lembrar que, em modalidades que o Brasil tem tanta qualidade, o verdadeiro resultado satisfatório é, ao menos, uma medalha. Portanto, o principal para o vôlei feminino e para o futebol masculino é guardar a empolgação para o momento certo e continuar trabalhando firme. Os resultados estão aparecendo. Basta manter.

Um homem, oito provas IV e V

Phelps A velocidade de Phelps é tão incrível que o blog nem consegue acompanhar seu ritmo de conquistas de medalhas de ouro. De ontem para hoje, foram duas. E o mais impressionante: em um espaço de tempo minúsculo entre elas. Em menos de uma hora, o fenômeno das piscinas venceu os 200m borboleta e o revezamento 4x200m livre. Demonstração clara de quão incansável ele é.

Além disso, no revezamento, Phelps (ao lado de seus três companheiros de prova) ainda deixou mais uma marca expressiva para a história dos Jogos. A equipe dos Estados Unidos bateu o recorde mundial do 4x200m livre em quatro segundos e meio. Na natação, que costuma ter diferenças entre atletas marcadas por centésimos de segundos, um segundo já é considerado uma eternidade. Imagine quatro e meio!

Com estes dois ouros, Phelps fica a três de bater o recorde de Mark Spitz. E, mesmo que ele não chegue lá, ele já é o atleta com o maior número de douradas olímpicas de todos os tempos. Tantas marcas, tantos recordes... a história do esporte está sendo escrita e todos os interessados estão tendo a honra de poder assistir.

Crescente

Brasil A madrugada de segunda para terça-feira viu duas equipes brasileiras mostrarem um considerável crescimento de desempenho nos Jogos Olímpicos. Dois selecionados que eram incógnitas no começo de suas respectivas competições.

Primeiro, o vôlei masculino, que enfrentou a Sérvia. A equipe dos bálcãs costuma ser um dos oponentes mais complicados para a equipe de Bernardinho. Normalmente, as partidas entre as duas seleções vão até o tie break. E não foi o que aconteceu desta vez.

Mesmo com o desfalque de Giba (que sentiu o ombro), o Brasil venceu por 3 sets a 1. Um alívio para o torcedor, que viu um primeiro jogo contra o Egito com mais falhas do que o comum e agora percebe a equipe voltar a fazer o que dela se espera. Continuando nessa toada, é esperança de ouro.

Depois, o futebol feminino. Após um começo instável, a equipe comandada por Jorge Barcellos se encontrou em campo. Em jogo inspirado de Cristiane, o Brasil mostrou, mais uma vez, um futebol técnico e cheio de habilidade. A vitória sobre a Nigéria por 3 a 1 garantiu às brasileiras o primeiro lugar do grupo F. Agora, elas jogarão contra as norueguesas na sexta-feira, pelas quartas-de-final.

Se, por um lado, o ataque da nossa seleção feminina é sensacional, a defesa é muito insegura. É o maior risco do País no caminho a uma medalha. Isso, e as alemãs, campeãs mundiais, que podem voltar a cruzar o caminho verde-amarelo na semifinal.

Festa cega

Judô A imprensa brasileira exalta o desempenho do País no judô. Todos fazem questão de lembrar que, com a medalha de bronze conquistada na manhã desta terça-feira por Tiago Camilo, o esporte passou a vela como nossa modalidade mais vencedora na história dos Jogos. Um total de 15 medalhas, contra 14 dos velejadores.

Obviamente, cada um olha para os números como bem entender. Contudo, essa celebração não deixa de soar como uma tentativa de desvirtuar a atenção de uma questão chata, mas claríssima. Camilo é o segundo judoca brasileiro campeão mundial que não conseguiu confirmar seu favoritismo nesta edição das Olimpíadas, ficando com o bronze. O primeiro, foi João Derly.

Que fique claro: isso não tira mérito nenhum do número alcançado de 15 medalhas. Não há dúvidas que o judô é uma categoria de grande sucesso para o Brasil em Jogos Olímpicos. Mas isso não pode ocultar o fato de que, até o momento, nossos principais judocas não estão alcançando os objetivos traçados.

E que isso não seja interpretado como mera crítica. É somente uma constatação que qualquer analista isento deve fazer neste momento.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Um homem, oito provas III

Phelps Terceiro dia do caminho de Michael Phelps para o seu almejado recorde. Se o segundo já não foi fácil, o que dirá o terceiro! Afinal, além do cansaço que vai surgindo após cada competição, o desafio era grande. O fenômeno das piscinas teria que vencer os 200m livre, segunda prova em que ele não levou o ouro em Atenas. Não bastasse isso, em menos de uma hora, ele já teria que estar na piscina novamente, para participar da fase semifinal da quarta prova que ele disputa, os 200m borboleta.

Trabalho difícil? Para Phelps, não.

Como a palavra "difícil" não parece estar presente no dicionário do norte-americano, ele não só encarou a dupla jornada como bateu recorde em ambas as provas. Venceu a final dos 200m livre com recorde mundial, garantindo seu terceiro ouro destes Jogos, e se classificou para a final dos 200m borboleta com recorde olímpico.

Além dos dois recordes do dia, Phelps alcançou mais uma marca. Somando-se Pequim e Atenas, ele chegou ao número de nove medalhas de ouro. Mesma quantidade de Carl Lewis, Mark Spitz, Paavo Nurmi e Larissa Latynina. Conquistando mais um ouro em qualquer uma de suas cinco provas restantes, ele tornar-se-á o atleta mais laureado de toda a história das Olimpíadas.

Alguém duvida?

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Brasil sai do zero

Judô O incômodo zero do Brasil no quadro de medalhas terminou. No final das atividades de ontem para hoje em Pequim, o País garantiu suas duas primeiras medalhas de bronze no judô.

Mais do que meros números nas estatísticas, Ketleyn Quadros e Leandro Guilheiro devem ser saudados pelo estilo de luta que tiveram. Ambos praticaram o judô como ele deve ser, partindo para o ataque, sem fugir da luta. Eles têm qualidade, respeitaram os ideais da modalidade e foram merecidamente premiados com medalhas.

As nossas próximas expectativas de pódio continuam no judô, com os atuais campeões mundiais Tiago Camilo (nesta terça) e Luciano Corrêa (na quinta).

A praia é nossa?

Vôlei de praia Historicamente, o vôlei de praia brasileiro é um dos dois melhores do mundo. Desde que a modalidade foi inclusa como esporte olímpico, em 1996, em Atlanta, o domínio é quase que totalmente dividido entre o Brasil e os Estados Unidos. As duplas brasileiras têm menos ouros que as norte-americanas, mas mais medalhas no total.

Confira:
▪ Estados Unidos – 3 ouros, 1 prata e 1 bronze. Total: 5 medalhas.
▪ Brasil – 2 ouros, 4 pratas e 1 bronze. Total: 7 medalhas.

O Brasil tem tantos atletas de qualidade no esporte que boas duplas acabam sobrando, ficando sem vaga para disputar as Olimpíadas. Assim, dá até para "emprestar" estes valores para outros países. É o caso de Renatão e Jorge, que se naturalizaram pela Geórgia para competir nos Jogos.

Discussões do valor da nacionalidade como parte da beleza olímpica à parte, que se fale do jogo. Os "brasileiros-brasileiros" Ricardo e Emanuel enfrentaram, pela segunda partida da fase de grupos, os "brasileiros-georgianos" Renatão e Jorge – que, sem nenhuma brincadeira, adotaram os nomes de Geor e Gia para atuar pelo país do leste europeu.

Assim como no primeiro jogo, Ricardo e Emanuel não encontraram grandes dificuldades e confirmaram o favoritismo de pentacampeões mundiais que são. Venceram o jogo por 2 sets a 0, com parciais de 21/19 e 21/17. Com a segunda vitória, eles estão classificados para as oitavas-de-final da competição, com um só objetivo: a bem possível medalha de ouro.

Vale lembrar que a Geórgia está nos noticiários dos últimos dias por um motivo nada esportivo. Aliás, totalmente anti-olímpico. Se um dos objetivos do momento dos Jogos Olímpicos é o de cessar conflitos ao redor do mundo, não é isso o que vem acontecendo entre georgianos e russos. Algo a se lamentar profundamente.

Uma música da cantora georgiana Diana Gurtskaya, Peace will come, resume bem a situação da região:

"Minha terra ainda está chorando, dividida em duas
Meu mundo está morrendo aos poucos
Meu coração está chorando
Paz e amor!"

Um homem, oito provas II

Phelps Segundo dia, parte dois da saga de Michael Phelps. A segunda prova do caminho do nadador em direção a seu objetivo (o novo recorde de medalhas em uma só edição dos Jogos) era uma das mais duras. O revezamento 4x100m livre foi uma das duas provas que Phelps (nesse caso, a equipe norte-americana da qual ele faz parte) não levou o ouro em Atenas. Por isso, a tensão para a prova era grande. Poderia ser o fim de um sonho ainda em seu começo.

Os principais adversários do time dos Estados Unidos eram conhecidos: a França e a Austrália. Dois países com nadadores bons o suficiente para almejar a conquista do ouro e, com isso, acabar com a ambição do fenômeno das piscinas. E, como previsto, a prova foi realmente complicada. Tanto foi, que Phelps terminou a primeira parcial pelo time americano somente em segundo lugar (algo incomum para ele), atrás dos australianos.

Após três nadadores de cada equipe, a meta de Phelps parecia estar muito próxima do fim precoce. Os Estados Unidos permaneciam na segunda colocação. Para piorar, a distância em relação aos franceses, primeiros lugares, era de mais de meio segundo – muito para natação. E se a situação já não era alarmante o suficiente, a França ainda teria na parte final simplesmente o recordista mundial da distância, Alain Bernard.

E aí, o inesperado aconteceu. De modo até certo ponto inacreditável, o americano Jason Lezak deu um maravilhoso sprint nos 25 metros finais e passou Bernard por oito centésimos. Daquelas diferenças que, a olho nu, não se tem certeza do vitorioso. Precisou-se de confirmação oficial para saber com certeza quem havia sido o vencedor. Um final cheio de emoção, que fez Phelps comemorar como se tivesse ganho a primeira prova de sua vida.

O principal objetivo deste blog é analisar os principais momentos das Olimpíadas. Porém, há raras situações em que só uma descrição detalhada do que aconteceu em um evento pode transmitir a emoção sentida quando algo aconteceu. E o revezamento 4x100m livre foi um destes momentos raros. Uma emoção inexplicável até para quem não torce para Phelps. Viradas assim são raras. E, com certeza, esta ficará na memória de todos que assistiram por muito tempo.

domingo, 10 de agosto de 2008

Showmen

Destaques O principal atrativo de esportes coletivos como o vôlei, o basquete e o futebol é a interação entre os atletas de uma equipe. A rapidez e a qualidade na troca de passes, além da plasticidade de certas finalizações, chamam muita atenção de quem assiste. Tais malabarismos podem até, em alguns casos, ser comparados a obras de arte, de tão cheios de pose que são. E os showmen da bola resolveram marcar presença nesta virada de sábado para domingo.

No vôlei masculino, apesar de ainda demonstrarem um certo incômodo pelo mau resultado na Liga Mundial, os comandados de Bernardinho impuseram sua superioridade diante do Egito e venceram a estréia por 3 sets a 0. Só que, ao contrário do que o resultado sugere, nem tudo foi uma maravilha.

A velocidade ainda não é a mesma de outros momentos e alguns erros que não aconteciam vêm aparecendo. Porém, esse é o momento certo para observar as falhas e corrigí-las. Além do mais, durante a partida, ficou claro que o potencial do time ainda está lá e que o Brasil tem, sim, boas chances de chegar ao ouro. Tempo para aprimoramento, há. Basta usá-lo corretamente.

No futebol masculino, Ronaldinho acordou. O Brasil venceu a Nova Zelândia por 5 a 0 com show do meia gaúcho. Ele deu belos toques de efeito na bola e participou de quatro dos cinco gols brasileiros. Há quem vá lembrar que o adversário era fraco. E é verdade. Só que, para um time que estava jogando mal e sofrendo para vencer até times deste nível, a evolução é clara.

Em comparação à partida contra os belgas, a seleção passou a jogar mais pelas laterais – principalmente pela esquerda, onde Ronaldinho formou ótima dupla com Marcelo, do Real Madrid. O ataque participou mais (e melhor) do jogo e o meio-campo mostrou uma movimentação mais inteligente.

Ainda é pouco para se pensar em título? Sim. Mas um evidente primeiro passo foi dado. E se considerarmos que a outra principal candidata ao ouro, a Argentina, também enfrenta dificuldades, pode-se ficar um pouco mais otimista. Principalmente se Ronaldinho mantiver nível próximo ao exibido contra os neozelandeses.

De um famoso camisa 10 brasileiro para outro famoso camisa 10. Esse, dos Estados Unidos. Kobe Bryant foi um dos destaques da vitória norte-americana sobre os chineses na estréia dos favoritos ao ouro do basquete masculino nas Olimpíadas. Também brilharam em quadra LeBron James e Dwayne Wade. Uma exibição de enterradas e contra-ataques rápidos garantiu a vantagem de Bryant e companhia contra a equipe do ídolo chinês Yao Ming.

Para quem gosta de jogo bem jogado e muita plasticidade, há tempo. As competições de basquete, futebol e vôlei estão somente em sua primeira fase. Ainda tem muito o que acontecer daqui para frente.

A queda de um favorito

Judô Uma das oito chances claras de medalha de ouro do Brasil nessas Olimpíadas deu adeus à disputa na madrugada deste domingo (considerando o horário de Brasília). O judoca João Derly, atual bicampeão mundial de sua categoria, perdeu para o português Pedro Dias na fase oitavas-de-final.

Os especialistas no esporte dizem que a arbitragem foi complacente com o adversário de Derly. Dias teria fugido da luta, o que é contra as regras do judô. Porém, seja essa reclamação válida ou não, fato é que o brasileiro tinha qualidade suficiente para ir muito mais longe na competição. Se não ao título, ao menos às fases derradeiras.

Uma queda em uma fase tão inicial pode, sim, ser considerada um resultado péssimo para o bicampeão. E Derly sabe disso. O que, de algum modo, justifica as lágrimas dele após a derrota. Mas, de modo algum, justifica qualquer tipo de crítica ao atleta. Afinal, favoritismo não ganha luta. E ninguém é obrigado a vencer todas.

Um homem, oito provas I

Phelps Um dos principais nomes desta edição dos Jogos Olímpicos, se não o mais importante de todos, é Michael Phelps. O norte-americano tenta, no belíssimo Cubo d'Água, bater o recorde histórico de outro nadador, Mark Spitz, que conseguiu conquistar sete ouros em uma só Olimpíada – a de 1972, em Munique.

Essa tentativa não é nova. O mesmo Phelps, em 2004, já buscou ultrapassar essa marca. Naquela ocasião, ele disputou oito provas, assim como fará em Pequim. Porém, "só" venceu seis delas, ficando um triunfo atrás de Spitz. Agora, ele tem uma segunda chance. Seu objetivo, para alcançar o inédito número de oito ouros, é vencer todas as provas que disputa.

E na primeira delas, os 400m medley, o fenômeno das piscinas não só levou o ouro, como baixou o recorde mundial da prova, que já era dele, em quase dois segundos – uma quantidade considerada enorme na natação.

Em 2004, Phelps já havia vencido os 400m medley. As duas provas que ele não faturou em Atenas foram o revezamento 4x100m livre e os 200m livre. Em ambas, ele ficou com o bronze. Pela lógica, devem ser as duas mais difíceis para ele nessa edição dos Jogos.

Se Michael Phelps, sozinho, fosse um país, ele teria ficado em 16º lugar no quadro de medalhas das últimas Olimpíadas, exatamente uma posição acima do Brasil.

Brasil bem, Alemanha sofre

Futebol 22 minutos. Esse foi o tempo necessário para as meninas do futebol brasileiro definirem uma tranqüila vitória sobre a seleção da Coréia do Norte, com os gols de Daniela Alves e Marta. O Brasil dominou totalmante a partida e manteve o placar inalterado até os acréscimos do segundo tempo, quando as norte-coreanas descontaram e determinaram o resultado final de 2 a 1.

Na outra partida do grupo F, as alemãs, atuais campeãs mundiais e favoritas ao título, sofreram para ganhar da Nigéria por 1 a 0. Vale lembrar que as nigerianas haviam perdido da Coréia do Norte na primeira rodada. Por isso, ao menos em teoria, não deveriam ter dado tanto trabalho à Alemanha. Se isso pode mostrar alguma queda de rendimento das européias, só os próximos jogos poderão dizer.

Após essa rodada, o Brasil lidera o grupo com os mesmos quatro pontos da Alemanha – um a mais que as coreanas, que estão em terceiro lugar. Na terça-feira, o Brasil joga contra a desclassificada Nigéria, com boas chances de assegurar a liderança, enquanto Alemanha e Coréia do Norte devem brigar pela segunda vaga.

sábado, 9 de agosto de 2008

Seis na foto

Curiosidade A primeira prova do ciclismo nas Olimpíadas de 2008 não foi decidida somente nas bicicletas. O verdadeiro definidor dos vencedores foi a câmera fotográfica. Seis competidores terminaram os 245,5km da categoria estrada com exatamente o mesmo tempo: seis horas, 23 minutos e 49 segundos. Como em disputadas corridas de cavalo, somente a foto da chegada pôde mostrar os ganhadores.

A medalha de ouro ficou com o espanhol Samuel Sanchez. A prata, com o italiano Davide Rebellin. O bronze foi conquistado por Fabian Cancellara, da Suíça.

Treinos de luxo

Brasil A maioria dos esportes coletivos, nas Olimpíadas, começa com partidas entre favoritos e azarões (o futebol, como sempre, é exceção à regra). Pois o Brasil aproveitou quase todas as suas chances, até o momento, quando jogando nessas condições.

Os resultados:
▪ Vôlei de quadra feminino: Brasil 3x0 Argélia.
▪ Vôlei de praia: Ricardo e Emanuel 2x0 Fernandes e Morais (ANG).
▪ Vôlei de praia: Ana Paula e Larissa 2x1 Saka e Rtvelo (GEO).

Após jogos como esses, todo cuidado é pouco. A fraca qualidade dos primeiros oponentes pode baixar a guarda de alguns atletas. E isso pode ser perigoso para quando, na seqüência, o nível dos adversários for crescendo.

Pior que isso, só quando a equipe já abaixa a guarda contra os próprios azarões e acaba perdendo. Caso, por exemplo, do basquete feminino brasileiro. A equipe comandada por Paulo Bassul era favorita contra a Coréia do Sul, mas perdeu na prorrogação por 68 a 62.

Se contra uma equipe teoricamente mais fácil, o Brasil já conseguiu perder, as perspectivas para as adversárias de maior qualidade são ruins. Portanto, dificilmente teremos o verde-amarelo na reta decisiva do basquete.

Primeiras medalhas

Medalhas As duas primeiras medalhas dos Jogos foram para mulheres. A tcheca Katerina Emmons venceu uma prova de tiro esportivo e entrou para a história como o primeiro ouro das Olimpíadas de Pequim. Xiexia Chen, no levantamento de peso, foi a segunda a conquistar o ouro – primeiro da China no projeto de ultrapassar os Estados Unidos no quadro de medalhas.

Impressionou a maneira como Emmons (não) comemorou sua vitória. Após seu último tiro, ela olhou para trás, deu um sorriso... e só. Isso que é confiança!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Chances brasileiras

Medalhas Somadas as medalhas de todos os Jogos Olímpicos, o Brasil chega a Pequim ocupando a 36ª posição do quadro geral. Desde sua primeira participação, em 1920, em Antuérpia, o País soma 76 medalhas. Delas, 17 de ouro, 21 de prata e 38 de bronze.

Pode-se dizer que esse desempenho não é dos melhores. Um fato interessante ajuda a embasar essa análise: os brasileiros só ultrapassaram a Argentina após a edição de 2004, em Atenas. Isso, apesar de ter uma economia similar, se for para analisar a capacidade financeira de investimento em esporte de alto rendimento, e uma população quase cinco vezes maior à dos hermanos.

Após 1920, quando o Brasil conquistou seu primeiro ouro, com Guilherme Paraense, no tiro, a espera pela segunda vez no lugar mais alto do pódio foi grande. Um intervalo de 32 anos, até Adhemar Ferreira da Silva vencer a prova do salto triplo em Helsinque e voltar a repetir o feito quatro anos depois, em Melbourne. Depois de Adhemar, mais um período de 24 anos de seca, até 1980, em Moscou, quando a vela trouxe dois ouros para terras tupiniquins.

Desde Moscou, o Brasil só deixou de trazer ouro de uma Olimpíada em 2000, em Sydney. Excetuando-se essa edição, a quantidade de ouros brasileiros apresenta um claro processo evolutivo, que pode gerar boa expectativa ao torcedor.

Confira:
▪ 1984 – Los Angeles: 1 ouro.
▪ 1988 – Seoul: 1 ouro.
▪ 1992 – Barcelona: 2 ouros.
▪ 1996 – Atlanta: 3 ouros.
▪ 2004 – Atenas: 5 ouros.

Seguindo a lógica desses números, que mostram que o País mantém ou aumenta seu número de ouros, pode-se projetar um mínimo de cinco ouros para a atual edição. Porém, além de matematicamente, será que esse é um número possível esportivamente falando? E sem aquele ufanismo exagerado, que indica, por exemplo, Thiago Pereira como candidato a um ouro quase impossível, dado que ele irá enfrentar o fenômeno das piscinas Michael Phelps.

Para se chegar a uma conclusão coerente, sem nacionalismo, veja, abaixo, os verdadeiros postulantes do Brasil a ouro na China:

No vôlei de praia, Ricardo e Emanuel lideram com folga o ranking mundial. O mesmo se dá com a dupla feminina Juliana e Larissa. Porém, no caso delas, deve-se lembrar que Juliana está lesionada e será substituída por Ana Paula, o que pode atrapalhar no quesito entrosamento.

Diego Hypólito venceu o último mundial de ginástica, em Stuttgart, na categoria solo, e é indicado pela revista International Gymnast como favorito ao ouro olímpico nesse aparelho.

Apesar de ficar fora do pódio na última Liga Mundial, o time de vôlei de quadra masculino ainda é considerado grande favorito ao título em Pequim. No Grand Prix deste ano, principal competição de vôlei feminino, as meninas brasileiras foram as campeãs.

Para fechar, os judocas João Derly, Tiago Camilo e Luciano Corrêa são os atuais campeões mundiais em suas categorias e vão à China como favoritos.

Nessa lista, temos oito reais candidatos a campeões olímpicos. Assim, tirante zebras, nosso horizonte para a quebra de recorde de ouros em uma edição de Jogos Olímpicos é bom.

Começou

Abertura O encontro do clássico com o moderno. Do oriental com o resto do mundo. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, como de costume, foi marcante. Supersticiosos e pontuais, os chineses abusaram do número oito – que, na cultura deles, simboliza prosperidade – na data e horário do início da festa. Tudo começou às exatas 8h08, horário de Pequim (11 horas a mais que em Brasília), do dia 08/08/08.

A tônica da cerimônia foi a mistura de belos efeitos tecnológicos e visuais com marcas da China tradicional – principalmente o papel, que foi como um personagem central durante a apresentação.

E foi sobre a imagem de um papel que ia se desenrolando, mostrando todas as cidades em que a tocha olímpica desfilou até chegar a Pequim, que o ginasta Li-Ning (ganhador de seis medalhas nos Jogos de Los Angeles, em 1984) protagonizou a imagem mais deslumbrante da noite: correndo na horizontal, segurado por cordas, ele acendeu a pira e deu início oficial às Olimpíadas.

O HJO2008 analisará os principais fatos do evento máximo do esporte mundial, que se desenrolarão nos próximos 16 dias.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Alerta, enquanto há tempo

Futebol Bom resultado, mas com desempenho muito abaixo do esperado. Assim foi a estréia da seleção brasileira masculina nas Olimpíadas. A vitória de 1 a 0 ante a Bélgica foi suficiente para garantir os três pontos. Mas o que foi exibido em campo não corresponde em nada às expectativas que o futebol canarinho costuma gerar em torcedores de todo o mundo.

Em linhas gerais, o potencial desse selecionado nacional é grande. O trio de volantes formado por Lucas, Hernanes e Anderson é melhor, inclusive, que o da seleção principal. Marca igual aos seniores, mas sabe tocar a bola com muito mais qualidade. A única ressalva possível a essa convocação para os Jogos é a quantidade reduzida de zagueiros e laterais. De resto, tudo certo.

Se, por um lado, a equipe verde-amarela tem grande capacidade individual, o mesmo não se pode afirmar quanto ao aspecto coletivo. A preparação para a competição foi quase nula. Dois amistosos, contra os fraquíssimos Vietnã e Cingapura, foram tudo que esse elenco teve para tentar qualquer tipo de entrosamento.

Obviamente, os reflexos disso ficaram evidentes na estréia contra os belgas. Um time sem jogadas ensaiadas e com pouca movimentação pelas laterais (cada vez mais essencial no futebol moderno). No ataque, improdutividade total: Ronaldinho tinha pouca iniciativa e Alexandre Pato foi pouco acionado.

Dada a situação, estava clara a necessidade de mudanças no setor criativo. A entrada do meia Thiago Neves, que foi bem nos amistosos preparatórios, parecia a melhor opção. Com Diego fazendo boa partida, Neves poderia entrar no lugar de Anderson, sumido em campo, ou de Ronaldinho, que estava escondido na ponta esquerda do time, como se fugisse da bola.

Porém, Dunga demorou demais e só mexeu no time aos 30 minutos do segundo tempo. Thiago Neves teria, dali para frente, somente 15 minutos para mudar o jogo, como que por milagre. Sorte brasileira que a Bélgica, que bateu o jogo inteiro sem dó nem piedade, teve o zagueiro Kompany corretamente expulso e ficou com um jogador a menos. Após isso, os espaços apareceram e Hernanes fez um belo gol, que garantiu a vitória da Seleção.

Essa primeira partida deixa alguns alertas para a seqüência da disputa. Primeiro, Dunga tem que mexer mais rapidamente quando as alterações se mostrarem necessárias. Afinal, não será sempre que o outro time ajudará com atletas expulsos. Além disso, Ronaldinho não pode ser intocável. Se estiver mal, pode, sim, sair.

O time é bom. Contudo, o sucesso do Brasil no futebol masculino parece estar muito mais dependente de uma mudança de atitude de Dunga do que dos pés dos jogadores, que já estão fazendo o máximo. E isso é muito temeroso.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A evolução do futebol feminino

Futebol A partida de hoje entre Alemanha e Brasil no futebol feminino, que acabou em 0 a 0, foi emblemática. Uma demonstração clara da evolução que o esporte teve entre as mulheres nos últimos anos. Antes, tudo o que se via era um corre-corre desordenado de atletas em direção à bola. Hoje, a situação mudou muito.

Alemãs e brasileiras exibiram equipes com excelente consciência tática e grande qualidade técnica. Requisitos que muitos times masculinos morreriam de inveja. Apesar do placar sem gols, as seleções demonstraram muita qualidade. Reforçaram seus papéis de grandes favoritas ao ouro.

Impressiona ver o futebol de Marta. Uma canhota cheia de velocidade, agilidade e rápido poder de decisão. Assistir a seus lances é como ver os melhores momentos da carreira de Maradona. O estilo dos dois é bastante semelhante.

Um lance da brasileira, onde ela domina e leva várias alemãs com sua habilidade, lembrou muito o gol mais clássico de Diego Armando, contra a Inglaterra, na Copa de 1986.

Como previsto ontem, o futebol de verdade seria o feminino. E a partida de hoje serviu para reforçar essa idéia. E para quem perdeu, vale a dica: não perca as próximas.

O esporte quase não-olímpico

Futebol O futebol nunca foi o melhor amigo das Olimpíadas. Depois da criação da Copa do Mundo, em 1930, a Fifa criou diversos artifícios para desvalorizar a competição futebolística dos Jogos Olímpicos. Dessa maneira, não haveria nenhuma competição que pudesse se equiparar em qualidade à Copa, tornando-a momento único para os fãs da modalidade. Assim, todo dinheiro que está envolto em uma disputa de tal magnitude não precisaria ser dividido com uma segunda disputa, idêntica, chefiada pelo Comitê Olímpico.

A atual regra imposta pela Fifa com o intuito de reduzir a qualidade da disputa do futebol nas Olimpíadas obriga os países classificados a convocar somente jogadores sub-23 para compor seus elencos. Os treinadores podem chamar até três jogadores acima dessa idade, porém nenhum clube é obrigado a liberar esses atletas mais velhos. Foi por essa não-obrigação, aliás, que Kaká e Robinho não estarão em Pequim: Milan e Real Madrid, respectivamente, não os cederam à equipe de Dunga.

Por tudo isso, fica clara a razão de a popularidade do futebol dentro dos Jogos Olímpicos ser tão baixa. Atrativos de verdade, com jogadores dessa idade, são poucos. Messi e Riquelme (liberado pelo Boca Juniors) pela Argentina, Alexandre Pato e Ronaldinho (liberado pelo Milan, diz-se, por exigência do jogador ao assinar contrato com o clube italiano) pelo Brasil. No máximo.

Se a FIFA tenta separar o melhor do futebol da disputa olímpica, o Comitê Olímpico também não faz por menos. O divórcio entre o futebol e as outras modalidades é tão grande que um fato absurdo pode ser notado nesta edição: a cerimônia de abertura acontecerá somente na sexta-feira, e, mesmo assim, já haverá partidas de futebol feminino acontecendo hoje, dois dias antes.

Nesse caso, ao menos, com verdadeiros atrativos: o futebol das mulheres, que recebe menor atenção de quase todas as federações e confederações ao redor do mundo, não tem qualquer tipo de regra discriminatória para os Jogos. Isso faz com que a disputa entre elas seja tão boa quanto a que ocorre nas Copas. Portanto, teremos em campo, sem nenhuma exceção, como as que há entre os homens, as maiores estrelas. Entre elas, Marta, a atual melhor do mundo.

E não haveria melhor jogo para dar início à briga pelo ouro: Brasil e Alemanha, repetição da final da última Copa das mulheres. O Brasil, vice-campeão, manteve a base da equipe que encantou o mundo e pretende tirar a coroa das fortes alemãs, principais favoritas ao título. Um jogo para o verdadeiro fã do esporte bretão. Até porque futebol de verdade, nas Olimpíadas, só feminino mesmo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sede: um negócio da China

Medalhas Sabe-se que um dos principais objetivos da China ao sediar os Jogos Olímpicos é mostrar sua força para o resto do mundo. E, nesse caso, não se fala somente de força econômica, de dinheiro investido nas modernas estruturas que foram construídas exclusivamente para o evento.

Uma das principais metas chinesas para essa edição das Olimpíadas é, também, impor seu poderio esportivo. Para isso, o objetivo dos donos da casa é ultrapassar os Estados Unidos no quadro geral de medalhas dos Jogos. Inicialmente, a impressão pode até ser de projeto complicado. Entretanto, os números mostram uma chance considerável de que isso aconteça.

Desde 1992 (quando os boicotes às Olimpíadas terminaram e, portanto, a comparação entre as edições é justa), em Barcelona, o país que sedia os Jogos sempre conquista uma quantidade de medalhas de ouro muito maior, proporcionalmente falando, que a ganha na disputa anterior.

Confira:
▪ 1992 – Barcelona: A Espanha terminou com 13 medalhas de ouro, contra somente uma de 1988.
▪ 1996 – Atlanta: Os Estados Unidos ganharam 44 medalhas de ouro, 19% a mais que as 37 de 1992.
▪ 2000 – Sydney: A Austrália conquistou 16 medalhas de ouro, 78% a mais que as nove de 1996.
▪ 2004 – Atenas: A Grécia ficou com seis medalhas de ouro, um crescimento de 50% em relação às quatro de 2000.

Em 2004, a China teve 32 medalhas de ouro. Assim, se a taxa de crescimento do país-sede permanecer a mesma das edições anteriores, os chineses conseguirão ultrapassar os americanos. Mesmo que o aumento seja o menor de todos – similar ao de 19%, do próprio Estados Unidos, em Atlanta –, a China já alcançaria 38 ouros e seria primeiro lugar no quadro de medalhas. Os Estados Unidos, em 2004, tiveram 36. Mantendo essa quantidade, ficariam com dois ouros a menos.

Se os números se concretizarão, por enquanto, é difícil dizer. Mas que eles mostram uma boa chance para a meta chinesa, é fato.

A chama está acesa

Abertura Com este post, os trabalhos do Hiper Jogos Olímpicos 2008 têm seu início. O HJO2008 é um projeto ligado à disciplina de Jornalismo on-line da Universidade Católica de Santos e tem como objetivo ser um veículo que vá além das informações básicas dadas por qualquer veículo jornalístico sobre as Olimpíadas. A principal pretensão deste blog é trazer opiniões e análises racionais do que acontece durante os Jogos, sem o ufanismo que invade a maioria dos meios de comunicação do País em ocasiões como essa.

A todos os leitores, desejos de boas-vindas e a vontade de que retornem ao blog com freqüência durante os dias de competição.