quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A evolução do futebol feminino

Futebol A partida de hoje entre Alemanha e Brasil no futebol feminino, que acabou em 0 a 0, foi emblemática. Uma demonstração clara da evolução que o esporte teve entre as mulheres nos últimos anos. Antes, tudo o que se via era um corre-corre desordenado de atletas em direção à bola. Hoje, a situação mudou muito.

Alemãs e brasileiras exibiram equipes com excelente consciência tática e grande qualidade técnica. Requisitos que muitos times masculinos morreriam de inveja. Apesar do placar sem gols, as seleções demonstraram muita qualidade. Reforçaram seus papéis de grandes favoritas ao ouro.

Impressiona ver o futebol de Marta. Uma canhota cheia de velocidade, agilidade e rápido poder de decisão. Assistir a seus lances é como ver os melhores momentos da carreira de Maradona. O estilo dos dois é bastante semelhante.

Um lance da brasileira, onde ela domina e leva várias alemãs com sua habilidade, lembrou muito o gol mais clássico de Diego Armando, contra a Inglaterra, na Copa de 1986.

Como previsto ontem, o futebol de verdade seria o feminino. E a partida de hoje serviu para reforçar essa idéia. E para quem perdeu, vale a dica: não perca as próximas.

O esporte quase não-olímpico

Futebol O futebol nunca foi o melhor amigo das Olimpíadas. Depois da criação da Copa do Mundo, em 1930, a Fifa criou diversos artifícios para desvalorizar a competição futebolística dos Jogos Olímpicos. Dessa maneira, não haveria nenhuma competição que pudesse se equiparar em qualidade à Copa, tornando-a momento único para os fãs da modalidade. Assim, todo dinheiro que está envolto em uma disputa de tal magnitude não precisaria ser dividido com uma segunda disputa, idêntica, chefiada pelo Comitê Olímpico.

A atual regra imposta pela Fifa com o intuito de reduzir a qualidade da disputa do futebol nas Olimpíadas obriga os países classificados a convocar somente jogadores sub-23 para compor seus elencos. Os treinadores podem chamar até três jogadores acima dessa idade, porém nenhum clube é obrigado a liberar esses atletas mais velhos. Foi por essa não-obrigação, aliás, que Kaká e Robinho não estarão em Pequim: Milan e Real Madrid, respectivamente, não os cederam à equipe de Dunga.

Por tudo isso, fica clara a razão de a popularidade do futebol dentro dos Jogos Olímpicos ser tão baixa. Atrativos de verdade, com jogadores dessa idade, são poucos. Messi e Riquelme (liberado pelo Boca Juniors) pela Argentina, Alexandre Pato e Ronaldinho (liberado pelo Milan, diz-se, por exigência do jogador ao assinar contrato com o clube italiano) pelo Brasil. No máximo.

Se a FIFA tenta separar o melhor do futebol da disputa olímpica, o Comitê Olímpico também não faz por menos. O divórcio entre o futebol e as outras modalidades é tão grande que um fato absurdo pode ser notado nesta edição: a cerimônia de abertura acontecerá somente na sexta-feira, e, mesmo assim, já haverá partidas de futebol feminino acontecendo hoje, dois dias antes.

Nesse caso, ao menos, com verdadeiros atrativos: o futebol das mulheres, que recebe menor atenção de quase todas as federações e confederações ao redor do mundo, não tem qualquer tipo de regra discriminatória para os Jogos. Isso faz com que a disputa entre elas seja tão boa quanto a que ocorre nas Copas. Portanto, teremos em campo, sem nenhuma exceção, como as que há entre os homens, as maiores estrelas. Entre elas, Marta, a atual melhor do mundo.

E não haveria melhor jogo para dar início à briga pelo ouro: Brasil e Alemanha, repetição da final da última Copa das mulheres. O Brasil, vice-campeão, manteve a base da equipe que encantou o mundo e pretende tirar a coroa das fortes alemãs, principais favoritas ao título. Um jogo para o verdadeiro fã do esporte bretão. Até porque futebol de verdade, nas Olimpíadas, só feminino mesmo.